O Telefone

O telefone tocou,

Atendi prontamente,

Uma voz no fone ecoou,

Era algo surpreendente.

Não podia ver a pessoa,

Sabia que existia alguém,

A constatação era auditiva,

A presença sonora que intervém.

O timbre da fala modifica,

Aquele som com certo ruído,

Captamos o outro por linha,

Mudaram o material envolvido.

Hoje a telefonia possui nova tecnologia,

Mas aquele sentido de audição permanece,

Basta colar o tímpano no aparelho, pura energia,

Conversamos a ausência do corpo, não impede.

Se não conhecemos quem está do outro lado,

Imaginamos conforme o que escutamos,

Vamos dando forma a um sujeito oculto criado,

Apesar do valor do verbo, da forma precisamos.

Poderia ser apenas esse prazer,

Mas uma ligação pode trazer mais,

Seja lembranças de algum dever,

Ou até mesmo uma notícia trágica.

A inhvenção do aparelho foi maravilhosa,

Mas esse sentido de voz que oculta o ser,

Nos remete a algo de épocas remotas,

Esse pronunciar de voz tem magia no proceder.

Não duvido da gênese existir no eco,

Pois é o movimento natural de voz sem gente,

Quando a fala se desprende, ganha mistério,

Sendo recebidos de longe por quem nos sente.