Os Sonhos

Fechar as pálpebras,

Se privar da realidade,

Ou adentrar outras reais áreas,

Assumir outra personalidade.

Cair no mundo onírico,

Mergulhar nas trevas,

Os olhos escondidos,

Não estar mais alerta.

Os sentindos agindo,

Mas sem a primeira impressão,

Apenas dormindo,

O corpo em estado de ibernação.

Podemos ser tudo que desejarmos,

Mas nossos desejos são outros,

Por isso é impossível controlá-los,

Acordar até parece um consolo.

Os pesadelos angustiam,

São pesados com suas imagens,

Mensagens que nos diziam,

Só lembramos de leves passagens.

O encontro com locais desconhecidos,

Adentrando uma esfera extra-física,

Na mente somos inteiramente engolidos,

Até voamos numa espécie de epifania.

O corpo responde aos estímulos,

Gozamos, sentimos dor,

Aparentemente estamos reduzidos,

Mas conseguimos transpor.

Morpheus nos faz de fantoches,

Sua sedução é irresistível,

Os insones não terão a mesma sorte,

Terão morte presumível.

Freud compreendeu a importância,

Não vem dele a necessidade em conhecer,

Ritos que remetem a primevas vigilâncias,

A Medicina Contemporânea ainda tenta entender.

Jung que consubstancia o misticismo,

Seitas antigas se prostravam em transe,

Outros animais passam por tal estado crítico,

Algo naturalmente inexplicável, inquietante.

Nas palavras dos filósofos,

Um prévia para a morte,

Demonstram registros históricos,

Vivido por plebeus e nobres.

Se desejamos pensar num platonismo,

Temos no sonho a dualidade comprovada,

Um mundo de sentido exclusivamente onírico,

Atrelado a uma outra vivência acordada.

Nesse reino as fórmulas físicas não se aplicam,

Pelo menos não como as conhecemos,

Seres amalgamados que nos arrepiam,

Não é possível prever como agiremos.

Morremos num sonho, mesmo estando vivos,

Acordamos verificando se estamos respirando,

Nos encontramos com entes mortos, ali revividos,

Muitas vezes tentamos lembrar, mas não recordamos.

Será que são distintos o sono e o despertar?

E se estivermos sonhando agora e despertarmos dormindo?

Apenas inverteríamos esse problema milenar,

Poderia tudo fazer parte de um único sentido.

Talvez o resto do corpo precise de descanso,

A mente não para de trabalhar, feito os outros órgãos humanos,

O estado sonolento apenas vai organizando,

Aquela série de informações caóticas que ao longo do dia capitamos.

Não é possível sonhar acordado,

O sonhador idealizado é uma farsa,

Esse é um equivocado ditado,

Sonhar é prévia para despertar, e basta.