A Vela
Acesa de forma ritual,
A maioria prefere o fósforo,
Tudo feito de forma habitual,
Para cada um de nós um propósito.
A chama que aquece o ambiente,
Também dá luminosidade,
Nos dias em que estamos impotantes,
Pela escuridão que invade.
A cera vai derretendo,
A espe3rança surge nos contornos,
Estalactites se fazendo,
Estalagmites insurgentes no solo.
A fé alimentada pela luz fraca,
Ao mesmo tempo, o início do incêndio,
A pequena oferenda a Apolo, ainda que recatada,
Procedimento de cautela feito até ao relento.
Prometeu orgulha-se ao ver seus epígonos,
Mais uma vez roubando a chama num gesto mágico,
Fazem crepitar o fogo desde tempos logínquos,
Mesmo que remeta a um sentido trágico.
A vela, vela o defunto na capela,
Seu tradicionalismo vem da sua velhice,
Adornando castiçais de bela estética,
Trazendo conforto a casebres humildes.
Desfazendo-se até se tornar poça,
Com aquele insistente pavio afundado,
A chama resistindo com vigorosa força,
Até que uma marca negra demonstre ter apagado.
O gesto simples em homenagem,
Quando se dá uma tragédia,
Ou o sofisticado rito de passagem,
A vela é um signo que perdura através das épocas.