O Cigarro

Vai queimando todo,

Até o filtro,

Fica na boca o forte gosto,

Prazer morto de sentir-se vivo.

Aquela tragada gostosa,

Nuvem engolida num inalar vigorante,

Pulmão forte que aspira com força,

Nos sentimos mais maduros com esse gesto fumante.

Soltamos a fumaça com elegância,

Uns a espelem com violenta lufada,

Outros soltam bocadinhos em constância,

Tomando conta da atmosfera esfumaçada.

Damos uma prendida e vai pra cabeça,

Ajuda a ficar mais ligado,

Pode causar mais euforia junto com a bebida,

Bom demais fumar alucinado.

O sabor da nicotina que se acostuma,

Nem sentimos o aroma forte do tabaco,

Que se lasquem os que odeiam quem fuma,

Os incomodados que se mudem, vão pra outro espaço.

Tem área de fumante,

Mas fumaça não respeita demarcação,

Invade sem se importar com o restante,

Tem gente que tenta até prender a respiração.

E a fumada depois da trepada,

Como relaxa a cabeça e o pinto,

Pode vir acompanhada de um café ou uma bala,

Disfarçanado o sabor empesteante do tabagismo.

Fedemos dos pés a cabeça,

Por isso é melhor relacionar-se com quem fuma,

Namorar nã-fumante é problema, com certeza,

Sempre tem o discurso patético de auto-ajuda.

Quanto está escasso o cigarro, é correria,

Procura-se até aquele toco largado,

Tem gente que joga fora cigarro inteiro, acredita?

Mas quando sobra, dividimos os maços.

Herança indígena,

Melhor o deles, enrolado em palha,

Fuminho na íntegra,

Quem sabe com acompanhamento de cachaça.

Tem cigarro vagabundo demais,

Faz até dor o peito,

Mas, uns são chiques, raridades,

Outros tem diferentes sabores e cheiros.

Acende-se com o fósforo a ponta,

Vai absorvendo, vendo queimar,

Um isqueiro não é de pior monta,

O importante é não parar de fumar.

Num ambiente fechado é densa neblina,

Errado é jogar na cara das crianças,

Mas a fumacinha não obedece, é ferina,

Por isso saem as leis anti-fumo e o tabagista “dança”.

Melhor acompanhante para uma cervejinha,

Pra quem deseja emagrecer, inibe a fome,

Ainda pode lhe presentear com um câncer para o resto da vida,

Amigo fiel que aos poucos te consome.

Jamais lhe obrigou a fumar,

Agora deve aguentar as consequências,

Feito o cowboy do Marlboro, deve lutar,

Mais no final irá perder, por causa de sua própria negligência.

Talvez sejam amputados alguns membros,

Seu pinto não vai mesmo ser útil, nem vai subir,

Os dentes podres e todo o sofrimento,

Sua família vai chorar, euqnauto o fabricante vai sorrir.

Torne-se dependente, seja um fraco,

Morra aos pouquinhos, suicida lento,

No final, terá menos dignidade que o rato moto na foto atrás do maço,

Cadavérico consciente, destino certo de um infeliz rebento.