Quando me deito II

Quando alta noite me deito

E começo a pegar no sono

Sinto de leve um abandono,

Minh’alma sai para explorar

Mundos impossíveis de visitar...

Os meus olhos vão com ela,

Vai a vontade de me libertar...

Fico e observo duma janela

Minh’alma a se distanciar...

Ela é um item da Relatividade,

Para ela não há esquecimento,

Do passado vai, sem dificuldade,

Ao futuro, se lhe der contento...

Certa vez, em suas veleidades,

Ela encontrou os extra-seres,

Difusos, cheios de bondades,

Cheios de essências, de poderes...

Podiam sarar a dor humana,

E dar sentido ao nosso viver,

Ao coração só, de quem ama,

Que de solidão vive a sofrer...

Ela sentiu incomum felicidade,

Numa áurea de nuvens diluídas

Sentiu que não estava perdida,

E pediu, “Levem-me a eternidade!”

E os singelos anjos disseram

Gentilmente, “terás que voltar...”

E ela viu que se entristeceram,

Porque eles a queriam levar...

Surgiam, á distancia, raios solares

E àquela realidade se desfazia,

Como num sonho, tudo se repartia,

Sob a calma de meditativos olhares...

Ela viu-se em veloz retroceder

Enquanto sentia grande comoção

A observar devagar desaparecer

Os extra-seres de olhos de solidão...

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Sentiu calor, sentiu que era o sol

E percebeu que a pouco seria dia

Já sublimava o diminuto o arrebol

E que longe o meu ser se remexia...

Senti a cama, percebi-me a acordar,

As pálpebras começaram a tremer...

Mas minh’alma não quis retroceder

E até hoje anjos vive a procurar...

Sebastião Alves da Silva
Enviado por Sebastião Alves da Silva em 26/10/2006
Reeditado em 29/10/2006
Código do texto: T273904
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