Senhora Pobreza
Estava sentado,
E passaste por mim.
O teu perfume se gravou em minha alma.
Tão logo, eu perdi a calma,
Pus-me a avançar
E, ao correr, fui te buscar.
Fui criticado, perseguido;
Ultrajado e excomungado.
Tudo por seguir o que ninguém seguia;
E querer o que jamais alguém quereria.
O que eu posso fazer,
Se diante de ti morreu a minha indiferença?
Amar-te nesta vida faz, para mim, a diferença.
Tua meiga voz quero obedecer;
Inclinar-me em teu leito e tuas entranhas auscultar.
Pois, no teu ser eu quero ser.
Teus andrajos não escondem tua beleza.
A verdadeira bondade é ser um contigo:
Ó minha Senhora, Senhora minha: Senhora Pobreza!