Fogo
Dizem que por ele o homem começou a pensar
Talvez por inspiração ao lhe ver queimar.
Alguns mencionam a priori um relampejar
Outros olham aos céus e dizem que não se pode explicar.
Mas o fogo surgiu!
Não se sabe se pelas forjas que Vulcano bramiu.
Aos olhos dos seres viventes ele reluziu
Agora se faz manifesto e sua quentura nos leva a um estado febril.
Fogo que queima
Fogo que consome
Fogo que teima
Fogo que some.
Esse adversário do Sol que fascina
Devora de forma feroz e assassina.
Dançando com suas labaredas salamândricas
Inspirando o homem a partir de uma premissa adâmica.
Inspira o homem, inspira os deuses
Inebria os mistérios de Elêusis.
Cria formas que faz surgir símbolos
Revigora o sentido mítico.
Fogo que baila conforme o vento
Transformando o queimado em lamento.
Transportando a realidade a um estado que depois se tornará cinzento
Fogo que tudo deseja, como amor ciumento.
Sua força é vigorosa e não se apaga
Se espalha com o vento e resiste a água.
Carboniza aquele que procura detê-lo
Consumir, este é o sentido sê-lo.
Alegra as festas e afastas feras
Mencionado como atributo de Quimera.
Salamandras que como os Titãs desejaram elevar-se até o Céu
Torna-se multidão, como uma insurgência proletária, agora é fogaréu.
Fogo divino para redimir pecados
Fogo das armas para castigar os amotinados.
Fogo amigo ao acaso
Fogo como tortura do carrasco.
Sacrificando as virgens, o fogo é terno
Colérico e eterno, assim é o fogo do Inferno
Aos cientistas, apenas um fenômeno natural
Aos religiosos tanto serve ao bem quanto o mal.
Fogo punitivo de Jeová
Fogo habitual a Satanás
Fogo no coração ao orar
Fogo da paixão ao amar.
Fogo que não é meu e nem seu
Fogo que não é de deus e nem de ateu
Fogo que nunca nasceu e nem faleceu
Fogo usurpado por nós, epígonos de Prometeu.