Indícios sobre a Besta
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Indícios do olhar Besta
V
O povo queria uma resposta, os despovos, apavorados
Que se pode fazer para apreender tal criatura assim?
Famílias decepadas, amores desfeitos, moças ao suicídio!
Onde vive, de que vive um ser assim sendo como dizem?
Os prelados estavam decididos a darem um jeito nas coisas.
VI
Depois de se debruçarem sobre o caso,
Estrategicamente resolvem encontrar
A primeira vítima se fosse possível...
Praticamente não havia documentação,
Apenas os laudos periciais médicos sobre as vítimas
E depoimentos nada confiáveis...
Uma das alternativas foi ir a campo,
Mas ninguém quis se expor
Tentaram interrogar a quem se encontrava
Nos pontos de ônibus, porém nenhum êxito.
VII
Adentraram nas praças, acordaram
Mendigos barbudos de sorrisos enferrujados,
Dentes aleatórios, assustados, desconfiados...
E ficaram sabendo através destes que sim,
Vez ou outra viam este ser,
Mas não sabia dizer se tinha sido em sonho
Ou em ébrio sono...
Alguns mendigos também relataram
Que quando a fome
Os devoravam até as culminâncias da morte,
Eles também achavam que a viam,
Se é que se era do mesmo ser de que se falava
Mas, ao desdesmaiar estavam mais fortes.
Sem fome... Coisa da cabeça da gente...
VIII
Foram em boca de merlafumocrack.
Chegaram apaziguando, todavia houve sobressaltos,
Pernas de neguim assoviavam na escuridão...
Tergiversaram com secos do crack,
doidões, e tal... Ninguém queria falar nada,
Pensaram ser aquilo deles algum tipo de nova nóia nova...
IX
Alguns até perguntaram qual o nome do produto,
outros levaram uns tapões
“Produto o que bicha! Porra! burra!”
“Calma, calma, calma”...
Não viram ninguém comentar nada de novo por aqui,
Nada de estranho?
“Óia véi nóz cunhece todas nóias,
mas essa daí não”
“O Esquelético
é que andou mei estranho como
o senhor disse aí, até sumiu... Vendo anjo...
Sei lá, cara tá alheio, mas nu tá puraqui não.
Vive agora é de praça em praça”
X
Noutro setor,
Estudavam e viram que os primeiros casos
Da Loucura Repentina,
como vaticinaram os psiquiatras
E outros especialistas
que ajudavam no caso,
Não tinham muito tempo, logo
o “monstro” ou era muito jovem,
Ou não era endêmico de ali, daquela
pacata cidade encostada no rio.
Mas podia ser as duas coisas...
XI
Um batalhão,
Homens já afastados do dever da profissão,
Com o peso de inúmeras mortes nas costas e
Nas narinas, veias e pulmões e músculos, e olhos
Pelos e cus, todos os tipos de drogas
Homens quase sem almas
Que matavam ratos só de vê-los
Foi designado apara encontrar
E eliminar a Besta...
XII
Logo carrões pretos com facas e caveiras
Espantavam a cidade
Paravam aqui e ali,
Armas para fora,
Uma cara de mal, outra... E seguiam...
Circularam, rodaram, fumaram, injetaram,
Passaram por cima de cachorros,
atropelaram idosos, e crianças, professores
e gestantes...
XIII
armas para foram,
uma cara de mal, outra de pitbull... e cantavam pneul...
Estupraram, comeram veados,
E deram-lhes umas bordoadas,
Encontraram riquinhos com bombas,
Esbofetearam-lhes, filhos da puta!
Fica fumando isso depois tá dando o cu aê!
Tiros, pô!pô!pô!pô!!!!
Viram um golf dando sopa de madrugada,
Interceptaram o motorista, era estudante,
Tiro na cabeça, corpo na estrada do arroz...
Armas para fora,
Uma cara de mal, outra pior... e fugiam...
Aêêêêêêêêêêêêêêê!!!!!!!!
XIV
Armas para foram,
Uma cara de mal, outra...e seguiam...
Enfim, em frente a
Matriz da praça Brasil,
Três deles parara, UôinnUôinnUôinn...
Solaparam um resultante
Da merla, crack e outras orgias poéticas
E este lhes falou da besta que lhe aparecia...
XV
Falou a eles da besta que lhe aparecia em sonhos,
Que desde então a melhor coisa era dormir...
Que não a iam encontrar em lugar nenhum
Porque ela estava em todo lugar e
Em nenhum lugar também...
Que ora ela lhes aparecia por ela mesma,
Que, que, que não fizessem mal a ela,
Queque, que Mal estava em cada Um,
Quequeque só aqueles que não sabiam
Perdoar,
Perdoar principalmente a si mesmos,
É como já estavam se perdiam...
XVI
Safanões acompanharam os sinos da igreja...
Largaram O Esquelético Profeta
e zumbizaram noite adentro, noite afora, no nada...