LAMBENDO AS FERIDAS.
Deixem-me a sós com minhas feridas;
Preciso lamber o pus que escorre de meu ego;
Sorver a secreção que aflora de meu medo;
Aspirar o odor repugnante que exala de minha estupidez;
Suportar a dor latejante de minha fraqueza exposta;
Remover o sangue coagulado de minha existência;
Sentir-me nojento e miseravelmente, miserável!
Deixem-me a sós com minhas feridas;
Quero cobri-las com o curativo da dignidade;
Fechá-las com a paciência e sapiência do tempo
E remover as cicatrizes com o instrumento da fé;
Aí, então, partirei;
Sem ego,
Medo,
Estupidez,
Passado,
Nojo...