A MUSA

Envolta na transparência de um sonho,

Observa o mundo em sua simples fatalidade,

Chorando as lágrimas da mera fragilidade

Que rege o universo na desvassa certeza

De cada verso imortalizando sua dura carga;

Seu corpo reveste a perfeita nudez do vento

Duma manha de inverno que no seu antro

Aquece nosso corpo com seu impedioso manto

Não de frio, mas no langoroso calor que nela

Apetece e nos favorece o ardor do seu canto;

Sua face espelha a realeza duma síngela musa

Que se recusa a ser mais uma simples reclusa

Nessa tristeza que em sua mais nua certeza

Faz dela uma fantasia, um ser desvergonho

Ou apenas o amanhecer dum simples sonho;

A sua boca carnal carrega o desejo proíbido

Que em si se faz desfalido mas no entanto

Nos canta os mil encantos da sua sina fatal

Que em sua triste sorte devassa nossa fome

E nos leva a morte num instante de extâse;

A escuridão do seu olhar a nos aprisonar,

Sugere essa crua paixão que nos leva a sonhar,

Nessa sofreguidão de sentir o seu doce alento

Aflorando nosso corpo na mais leve e breve carícia

Como se fossemos apenas e simplesmente Poesia.

Salomé

Ess. 2009 "Imortalidade"

Salomé
Enviado por Salomé em 13/07/2009
Código do texto: T1697405
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