OIÇAM ISTO

Qual flor nascida, no meio de nenhures,

assim sou eu, porque nada busquei e nada quis

E assim está certo e não

de uma outra forma qualquer

Enquanto menino fui feliz, ao sol e à chuva,

se chuva havia ou fazia sol

E distraído olhava para isto tudo

como que jogando uma pedra irreflectidamente

E o verde dos campos era ainda mais verde

sem razão aparente,

porque não há razão onde razão não cabe

Quando eu morrer, não tenham pena de mim,

é que eu fui feliz e isso me basta, seja lá o que tudo

isto quer dizer

Quem tudo ambiciona, ambiciona a nada,

quando a ambição é maior do que o ambicionado

Ah, nada esperar, nada desejar,

ser apenas como a um rio que corre para onde

lhe leva a vontade das águas

E assim ser finalmente livre, desta roupa humana,

que me veste…

Jorge Humberto

06/06/09

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 07/06/2009
Código do texto: T1636674
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