A união de todas as mortes

O que ficou conhecido

Como cansaço

É em mim apenas uma insignificância disso.

O que se alastra em mim

É a penumbra dos dias

Que não amanheceram

Ao longo do tempo marcado até aqui,

Até aonde avança

Meu pensamento largo e profundo.

Eu sei que poderia ter sido diferente,

E a vida pesada que carrego

Não seria tão cinza,

A união de todas as mortes,

O não esquecer de esquecer

Detalhes espalhados

Pelo pseudo-espaço-tempo

Vivido por milhas de anos e anos...

Anos...

Os anos não existem,

Tudo é um só,

E é nesse oceano indivisível

Que alguém,

Impenetrável de alma,

Recolhe seus mortos...

Vejo sempre,

Com ou sem vontade,

É a primeira imagem

Que se desenha

No meu pensamento,

Quando retorno

Dos intervalos do Ser,

E Sendo,

Logo o percebo,

Querendo ou não,

A dedilhar a praia,

E, como um que não morre,

Exilado eterno,

Carrego suas sombras,

Todas romanticamente

Caindo do mar sem fim,

Sob um céu de indefinível iluminação,

Como um que espera,

Mas que sabe que sua espera

Não vai ter fim...

Assim o céu que observa

O único que vai que vem,

Que não pára...

Esse é as sombras,

As sombras decaídas,

Sem se saber de onde,

Lambidas pela espuma

De um Mar

Que vai que vem...

E poderia me cansar,

Usar esse termo para me expressar,

Descrever esses ritmos confusos,

Mas isso é extremamente insuficiente

Para rotular o que me vai à Alma,

Alma que vai que vem...

Que se cansem quem vive.

Sebastião Alves da Silva
Enviado por Sebastião Alves da Silva em 30/03/2009
Reeditado em 30/03/2009
Código do texto: T1513061
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