A união de todas as mortes
O que ficou conhecido
Como cansaço
É em mim apenas uma insignificância disso.
O que se alastra em mim
É a penumbra dos dias
Que não amanheceram
Ao longo do tempo marcado até aqui,
Até aonde avança
Meu pensamento largo e profundo.
Eu sei que poderia ter sido diferente,
E a vida pesada que carrego
Não seria tão cinza,
A união de todas as mortes,
O não esquecer de esquecer
Detalhes espalhados
Pelo pseudo-espaço-tempo
Vivido por milhas de anos e anos...
Anos...
Os anos não existem,
Tudo é um só,
E é nesse oceano indivisível
Que alguém,
Impenetrável de alma,
Recolhe seus mortos...
Vejo sempre,
Com ou sem vontade,
É a primeira imagem
Que se desenha
No meu pensamento,
Quando retorno
Dos intervalos do Ser,
E Sendo,
Logo o percebo,
Querendo ou não,
A dedilhar a praia,
E, como um que não morre,
Exilado eterno,
Carrego suas sombras,
Todas romanticamente
Caindo do mar sem fim,
Sob um céu de indefinível iluminação,
Como um que espera,
Mas que sabe que sua espera
Não vai ter fim...
Assim o céu que observa
O único que vai que vem,
Que não pára...
Esse é as sombras,
As sombras decaídas,
Sem se saber de onde,
Lambidas pela espuma
De um Mar
Que vai que vem...
E poderia me cansar,
Usar esse termo para me expressar,
Descrever esses ritmos confusos,
Mas isso é extremamente insuficiente
Para rotular o que me vai à Alma,
Alma que vai que vem...
Que se cansem quem vive.