Primeiro e Eterno AMOR - (Os Mestres I)

No meio de folhas rasgadas,

De cadernos abismados

E de várias cartas manchadas,

Á inocente idade dos oito anos

O descobri aí me sussurando,

Um mundo de pura felicidade e

Pela primeira vez me enamorei!

Os anos voaram, os 20 entraram,

No abismo de cada sua prosa,

O amor e saudade em dupla dosa,

Aos poucos foram me enfeitiçando

No escuro de cada sua alcova

Me chamando a sentir e a amar,

Me perdendo nessa sua imensidão

E na emoção contida do seu olhar

A rebeldia e ousadia aplacada,

Pela douçura de cada seu verso

No pleno deleito dessa vã loucura

Deslizando sob o leito que em mim

Ele soubes construír e almejar,

E no derrame do mais doce mel

Ecoando nas palavras deslizando

E acariciando cada pedaço de pele

Na mais insaciavel das sensações,

Semente da minha primeira paixão

Naquela prima Ode ao ardor e a dor,

Inspiração desse meu grande amor.

O tempo caminhou e o 30 chegou

Entre as síngelas noite de solidão,

O olhar perdido no indefinível mar,

Meu coração o procurou e o sonhou,

Vendo-o ali sentado ao meu lado

Escrevendo e recitando a sua poesia,

Eu docemente o olhando e amando,

Perdida na contemplação da magia

Vertendo da essência da sua presença;

O mundo desaparecia e o nós aparecia

No alento desse seu sopro cantando,

A perfeita harmonia entre voz e vento

Me levando nas asas da sofreguidão.

"Neruda, simplesmente e eternamente Neruda,

Será que aos 40 ainda vou te amar?"

Salomé

Series "Os Mestres"

Salomé
Enviado por Salomé em 16/03/2009
Reeditado em 20/03/2009
Código do texto: T1489697
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