IMORTAL

Ele, um ser fora do comum, entorpecedor,

Seu caminho traçado no confim da rebeldia,

Não devia a este mundo nenhuma favor,

Ainda menos explicação por essa sua ousadia

Ela, mistura de ninfa e de mulher,

Alegria e agonia, emoções á flor da pele,

Agua e vinho, suave alento que jamais sacia,

Um anjo á deriva na sintonia de cada sentimento

O destino atento os esperava naquela noite quente,

Caminhando a sós num lindo jardim nos confins de Andaluzia,

Se sentiam meio perdidos e fora de sentido, no entanto silenciosos

Fundindo-se nessa multidão vazia e sem fim, tentando escapar

E encontrar uma unica saída nessa fria escuridão

Nada os havia preparado para aquele insolíto encontro...

Seus olhos se miraram primeiramente por um leve e breve momento

Para depois se paralizar e se afogar no que mais parecia um afronto

Que uma viva e letal atração, libertinamente e carnalmente abrindo

Os porões da paixão nesta sua dança de suprema e extrema sedução

"Palavras foram desnecessárias, não havia como escapar!

Esse teu olhar que me observáva intimamente prestes a me despir,

Meu corpo afogando seus tremores ao sentir tuas mãos ainda ausentes

Me tocando e semeando trilhas ardentes de gozo sobre a minha pele

Que já alucináva de sofreguidão quente por cada uma das tuas carícias

O tempo parou, deixou de existir nos plenos suspiros ali ecoando,

Somente os nossos corpos se descobrindo em plena sintonia,

Nem o fogo que dentro de nós ardia era mais arrebatador que o desejo

Que vagarosamente rugia entre nós, suscitando nossa plena ousadia

Em cada louca carícia que nos entorpecia na sua nua e crua extasia

Não eramos nós, não existiamos, apenas energia em pleno transe,

Nossos corpos sensualmente perdidos numa utopia de mortal euforia,

Carnalmente suspirando entre as trilhas da plena e divina demência

Donde o prazer é apenas sustência comparada a esta letal sensação

Que nos devora, sufoca e possuí em seu antro singilamente imortal

Ainda hoje ao olhar e tocar a tua arte, estremeço sob o impacto,

Recordando aquela noite que nos uniu, um pacto que ainda resiste,

Tuas mãos ao longo do tempo nunca cessaram de tocar o meu corpo,

Nem tua boca jamais deixou de beijar a minha, ainda hoje o nós existe,

Ainda o eu se espelha em cada tela que aqui se atreve em me louvar

Fecho os olhos e na imensidão do que somos e sempre seremos,

Vejo as tuas mãos em plena acção desenhando, alucinando e criando,

Vivenciando a musa amante, moldando e libertando as suas emoções,

Tocando seu intímo com cada cor, o pincel voando com supremo amor

Imortalizando essa nossa paixão no confim dessa eterna sofreguidão.

Salomé

"A você sofreguidão, que soube suscitar em mim, com apenas teu olhar e tua síngela presença, a paixão nua e crua em sua pura essência. Jun. 1999/Immortel/EBLR"

Salomé
Enviado por Salomé em 14/03/2009
Reeditado em 17/03/2009
Código do texto: T1485639
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.