Eu?

Eu?

O que sou?

Sou as reticências de Álvaro de Campos

A segunda parte de Almas Mortas

A secreta vontade dos corações humanos

A dobradiça de uma porta

Eu?

O que sou?

Sou uma interrogação no branco

O poema que não quis se revelar a Drummond

Sou Por Quem Os Sinos Dobram

Um rio subterrâneo

Que corre sob a pele de quem sofre

Eu?

O que sou?

Sou o que procuro

O sonho ainda por sonhar

A tristeza ainda por sentir

A ausência a se notar

Uma essência espalhada no ar

Eu?

O que sou?

Sou isto

Isto tão próximo e tão distante

Isto tão forte e tão fraco

Sou essas manchas nos olhos

Essa além-idiossincrasia

Essa agonia da agonia

Eu?

O que sou?

Sou a contradição na igualdade

O Paradoxo do paradoxo,

Estrangeiro a qualquer arte

Abstinência de não sei

Eu?

O que sou?

Arre!

Eu?

O que sou?

?

Sebastião Alves da Silva
Enviado por Sebastião Alves da Silva em 27/04/2006
Reeditado em 27/04/2006
Código do texto: T146005
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