EIS O TEU DIA

No dia em que, ao teu despertar,

Venha um sol, de novo amanhecido,

Não te convenças que é por ti,

Que ele te é devido,

Como não duvides de sua existência,

E assim no raiar de outro brilho,

Despe-te da tua incomoda aparência,

Olha-te ao espelho e sorri.

No que julgares para os teus demais,

Não mostres enfado, nem exageres de teu,

Que o que por ti for mostrado,

Ao outro esquecerá jamais,

Que é dele o que foi teu

E em ti permaneceu.

Assim como, se, chegando a ti,

Alguém houver que diga que sim,

Saibas tu, da mesma forma, dizer que não,

Com a virtude e o fervor com que te mostraram a ti,

O que agora em contraposição,

Dizes-lhe tu, de tua disposição.

É que quer à mentira, quer à outra,

Húmus da palavra,

Por tua verdade e teu nome,

A ambas vem igual prumo na ponta,

Assim tu em cada safra,

Não abdiques nunca de uma, em favor da outra,

Como de saber-lhes das duas a fome.

Jorge Humberto

(07/01/2004)

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 26/04/2006
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