Partida
Hoje, quando acordei,
Caia uma chuva fina, tranqüila.
E, sob os lençóis, quase não me levanto,
tão boa sensação tive ainda deitado.
Contudo, chamava o hábito e,
quase contrafeito,
pus os pés no chão para que me levassem ao banheiro.
Dei comigo no espelho,
parecia sorrir, foi o que pareceu.
Depois de fazer os asseios rotineiros,
estava na cozinha olhando o fogão triste.
Passei um pouco de café que
fumaçava sobre a mesa junto a um pedaço de pão.
Alimentei em silencio,
o silencio de minha pessoa,
Um ritual de paz.
Voltei ao quarto, pus uma calça,
calcei um velho par de sapatos,
depois abotoei a adorável camisa branca.
O sol parecia querer surgi e surgiu.
Estaria pronto não fosse o cabelo
uma mexa teimosa,
sempre assanhada, aparecer no espelho.
Sabia ser impossível penteá-la,
mesmo assim tentei.
Larguei o pente,
a mexa espevitada,
peguei a bolsa e dirigi-me a porta.
Antes de sair, no entanto,
verifiquei seu conteúdo.
Certifiquei-me que estavam lá
Meu Drummond e minhas Pessoas...
Estava tudo certo.
Mesmo assim,
peguei Drummond e li
“Consolo na praia”...
Estava tudo muito bem.
Após sair, já do outro lado da rua,
voltei-me e olhei a porta apelativa,
Sempre a sensação
De estar esquecendo algo,
Alguma coisa perdida.
Segui Meu Caminho
Caminhando pensativo,
Ouvindo os pés,
Maltratados de longa data,
Amaciarem o chão.