Madureza

1998

Estou cansado,

Até a alma estou cansado,

Meus pés não querem mais andar,

Meus joelhos rangem como velhas dobradiças...

Fiquei curvo,

Meus braços caíram,

Não há força que os possa levanta,

Meus olhos não querem ver,

Cansados,

Perderam o brilho.

Hoje são embaçados,

Ficaram vermelhos

E procuram o chão

E querem fechar-se...

Meu coração,

Lenta e silenciosamente,

Cansou-se das agitações

Taquicárdicas a que o submeti.

Estou cansado.

Deito e não durmo,

Quando levanto

Estou mais cansado ainda.

Minha boca já não fala

Nem meus ouvidos ouvem.

Joguei muitas palavras ao vento

E elas se desfizeram com o tempo.

(Defeitos de um poeta menor)

Meus ouvidos, por muito tempo,

Expectativaram por palavras

Espontaneamente doces,

Cansados de esperar, apodreceram.

Hoje já não querem ouvir mais nada.

Minha mente

Cansou-se de tentar

Entender as normas,

Já não menta nada.

Isso não é um estado temporário,

É a eternidade toda em mim.

Sebastião Alves da Silva
Enviado por Sebastião Alves da Silva em 25/04/2006
Reeditado em 25/04/2006
Código do texto: T144782
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