Madureza
1998
Estou cansado,
Até a alma estou cansado,
Meus pés não querem mais andar,
Meus joelhos rangem como velhas dobradiças...
Fiquei curvo,
Meus braços caíram,
Não há força que os possa levanta,
Meus olhos não querem ver,
Cansados,
Perderam o brilho.
Hoje são embaçados,
Ficaram vermelhos
E procuram o chão
E querem fechar-se...
Meu coração,
Lenta e silenciosamente,
Cansou-se das agitações
Taquicárdicas a que o submeti.
Estou cansado.
Deito e não durmo,
Quando levanto
Estou mais cansado ainda.
Minha boca já não fala
Nem meus ouvidos ouvem.
Joguei muitas palavras ao vento
E elas se desfizeram com o tempo.
(Defeitos de um poeta menor)
Meus ouvidos, por muito tempo,
Expectativaram por palavras
Espontaneamente doces,
Cansados de esperar, apodreceram.
Hoje já não querem ouvir mais nada.
Minha mente
Cansou-se de tentar
Entender as normas,
Já não menta nada.
Isso não é um estado temporário,
É a eternidade toda em mim.