O Epitafista

Vai fazendo letra por letra

A frase eterna

Que diz, comprova que o que ali está,

Estava

Passou realmente por esta terra

Foi homem, amou e sonhou

Hoje ainda é lembrado

A dor da família, dos amigos,

É forte na recordação

De momentos quase fúteis

Com o tempo, pensa ele,

Esta frase estará tão longe

Que não terá mais sentido

E será quase uma dúvida

A tua breve existência

O que foste ninguém saberá,

Tua casa

Tua imagem

Teus trejeitos

Tudo que era teu,

Teu sorriso e tua lágrima

Serão coisas inexistentes,

Inexistidas...

O experiente epitafista

Está quase emocionado

E num momento ele fala,

Meu Deus,

Que estranha função a minha!

Eu que não sei quem és

Que jamais troquei uma palavra contigo

Venho, como teu melhor amigo,

ralizar-te o último desejo...

E tu, logo tu que já não és,

É quem desperta em mim

A sensação do completo,

Absoluto e Eterno fim!

Sebastião Alves da Silva
Enviado por Sebastião Alves da Silva em 07/04/2006
Reeditado em 21/04/2006
Código do texto: T135536
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