O Epitafista
Vai fazendo letra por letra
A frase eterna
Que diz, comprova que o que ali está,
Estava
Passou realmente por esta terra
Foi homem, amou e sonhou
Hoje ainda é lembrado
A dor da família, dos amigos,
É forte na recordação
De momentos quase fúteis
Com o tempo, pensa ele,
Esta frase estará tão longe
Que não terá mais sentido
E será quase uma dúvida
A tua breve existência
O que foste ninguém saberá,
Tua casa
Tua imagem
Teus trejeitos
Tudo que era teu,
Teu sorriso e tua lágrima
Serão coisas inexistentes,
Inexistidas...
O experiente epitafista
Está quase emocionado
E num momento ele fala,
Meu Deus,
Que estranha função a minha!
Eu que não sei quem és
Que jamais troquei uma palavra contigo
Venho, como teu melhor amigo,
ralizar-te o último desejo...
E tu, logo tu que já não és,
É quem desperta em mim
A sensação do completo,
Absoluto e Eterno fim!