NO DIA EM QUE EU FOR EMBORA
No dia em que eu for embora,
não chore o que vivi até agora.
Certamente teria vivido o que pude.
Teria amado demais na juventude.
Teria me tornado sério um momento.
E vivido palhaços todo o tempo.
Guarde as lágrimas de chorar.
Solte as gotas de cantar.
E culpe o tempo cruel, filho do cão.
Se não me vir mais não estará cega, não.
Tão somente e propriamente dito e feito
estarei nos espaços buscando-me perfeito.
No dia em que eu for embora,
não chore. Ainda que o mundo desabe,
irei de pronto, sem demora.
Nem sei bem pra onde. Alguém sabe?