O MELHOR DO MUNDO SÃO AS CRIANÇAS

Não fazer nada. Só observar o silêncio.

Desligar-me completamente

do quotidiano.

Do que me diz e perdiz.

Sair por aí sem rumo marcado

guardar as horas no bolso e esquecer-me

das minhas tarefas e responsabilidades.

Subir a umas escadas quaisquer e tocar

o céu, só por imaginar.

E lá do cimo de tudo o que alcanço

por um instante impar

ver-te passar solene e formosa a caminho de casa:

mais nenhuma mulher me interessa ou desperta

do meu sono acordado.

E onde a orla do rio tocar meus pés

deixar aí os meus pensamentos

como borboleta insinuando-se na água.

E escutar o som dos pinheiros em verde ouro

balançando ao leve sabor da brisa.

Sentar-me e deixar-me adormecer, mas

só por fora, onde a fotografia não possa criar incesto.

Sentir o vermelho do sol entrando pelas

minhas pálpebras fechadas e imaginar que não sou aqui

mais que uma parte integrante da Natureza

que incomoda a sincronia das coisas autênticas.

Abro os olhos. Não gosto do que vejo.

Gente apressada passando por mim sem me fazer reparo

um tanto de delicadeza.

Mas não tudo é brutal e a esperança morreu.

Não se pode ir de encontro ao concreto do cimento.

Sento-me num banco de jardim

para ver as crianças brincar e a inocência tomar conta de mim.

Jorge Humberto

31/03/08

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 01/04/2008
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