A dor da queda
*Por: Carlos Silva*
Aos picaros da glória, fora ele elevado com inefáveis palavras de dizeres sublimes e nobres, sendo ovacionado por uma plateia presente de mais de cinco mil expectadores a gritar nas alturas o seu valoroso nome.
Bebeu nas tacas do esnobismo, da humilhação aos povos e na prostituição de suas mais lascívias ações castigantes e imorais.
Se perdeu no caminho, o ego lhe engoliu, passou os pés pelas mãos, feriu quem lhe estendera as mãos em outrora e caiu em desgraça infinda e solitária. Mergulhara no mais escuro poço da dor e da desonra sem ter quem lhe estendesse um filete de olhar misericordioso, ou um gesto de perdão por atos incontáveis de destratos a quem antes o abraçara.
Na sua súplica de perdão, olhou ao seu redor sem ter quem o defendesse.
Foi expulso do convívio do lugar e viu o portão abrir em sua frente e uma plateia de mais de dez mil seres insatisfeitos, a ele dirigiam palavras cortantes e profundas que davam-lhe a sensação de rasgar-lhe as carnes do corpo que agora cambaleava ate a saída da sua aldeia.
A dor maior veio a sentir, quando ouviu os pesados portões se fechando as suas costas. Portões da sua desgraca que cumplicidava o que lhe restara como um ser maldito desumanizado e só.
Num último gesto de contemplação da sua miserável vida, volveu seu olhar para trás, lançou seu corpo ao chão e suplicou à terra que o engolisse para as mais severas profundezas do abismo e o esmagasse antes de tocar o infinito da terra de onde jamais retornaria para ver o sol nascer e se por.
Lagrimas misturadas a poeira do chão que um dia lhe tratara como um verdadeiro e tão querido principe, hoje transformaram-se em lama perante seus olhos que irrigavam desde suas entranhas rios de prantos em lamentos de soluços.
A dor da solidão e do humilhante desprezo, fê-lo, naquele instante sufocar na angústia incontida da vergonha, da desonra e da morte que o abraçara num derradeiro suspiro de vida sem ter quem lhe dedicasse a última rosa lançada sobre o seu tão humilhante sepulcro, ao partir daquela forma tão ultrajante como se nenhuma importância tivera para o mundo. Ainda teve tempo de ouvir o seu coração explodir face ao excesso da dor sentida.
Olhos fitos no escaldante sol, fora essa a sua ultima imagem que tivera desta terra.
E assim finda o caminhar daquele que se enaltece, se julga superior e se ver como a pessoa mais importante do mundo, a ponto de humilhar o seu semelhante amparado nos bens que torna o homem desprezivel, avarento e inimigo do Deus da criação.
Triste daquele, que por ocupar cargos de elevada confiança achar que o poder é doce e imortal aqui nessa terra. Ledo engano, pois o único, total e soberano poder só existe nas mãos dAquele que tudo criou nesse mundo.
Fim