Todas as noites do céu...
A lua redonda e airosa atua vestida de prata,
Gravita grávida, no meu fantasioso pensamento.
Flutuante e paciente, assim de vez, me arrebata,
Na intensa e imensa escuridão do firmamento.
Pontos de estrelas reluzentes, de anis tingidos,
Piscam pra mim, com ramalhetes, num flerte astral…
E os desejos secretos por elas, por mim cingidos,
Tornam-se, enfim, um acesso, um imenso portal!
E nimbos multiformes, a exibir um cinza chumbo,
Derretem e, em mim, copiosamente precipitam…
Trovões graves, esticados quais couro de bumbo,
Em mim, a imortal Fênix, resoluta, eles suscitam.
Componho constelação neófita, em plena formação,
Ainda tímida e, ao infinito, bastarda e descabida,
A vadear perdida, por anos luz, na vastidão,
E a ser cadente, ao sentir-se, pelas noites preterida.