Penteando Medusa.
Petrifica-me!
O teu cabelo te acusa, ó Medusa,
É puro suicídio te olhar.
Ninguém a tomou como musa, ó Medusa,
Ao te ver no submundo a rastejar…
Jamais foste uma intrusa, ó Medusa,
Sempre alguém foi te procurar…
Esse alguém que da sorte abusa,
Sabendo do estrago que faz teu olhar.
O teu olhar, conquistar se recusa, ó Medusa,
Só quer o amor petrificar…
E torna a mente da gente confusa,
És vivente serpente, na gente, a nos envenenar…
Ó Medusa, de maldades profusas
E que pelas tuas presas as destilas,
És o retorno de escolhas difusas,
Quem paga pra ver, petrificados aniquilas…
E fazes das mentes imbecís, obtusas,
Os tantos troféus que a teu lado perfilas.
O teu cabelo não ouso mais querer pentear,
Por que no final terei que olhar nos teus olhos,
E te perguntar se está bom…
E sei que não irás, ó Medusa, tamanha ironia relevar!