Viagem com o vento

Um dia pedi-lhe boleia, aceitou

Instalou-me no cockpit, entregou-me os comandos

Partimos sem rumo, às vezes corríamos velozes, outras de mansinho

Subimos e descemos, planámos sobre altas montanhas,

Descemos a profundos vales, sentimos o tórrido dos desertos e o frio dos pólos

Observámos o azul dos mares, o verde das florestas e o ziguezaguear dos rios.

Tocámos as nuvens e quase chegámos às estrelas.

Com o sol nos deitávamos, com ele nos levantávamos

Visitámos as grandes metrópoles e as pequenas aldeias.

Levámos aqui e ali a mudança do tempo.

Refrescámos e aquecemos.

Provocámos o medo.

Apreciámos todas as grandes realizações humanas

Fomos testemunhas de grandes catástrofes e de mil e um eventos

A viagem corria célere, eu ia mudo de tanto esplendor, cedi os comandos.

Sentei-me ao seu lado e o vento disparou: aceitas ser meu copiloto para sempre?

Hesitei, hesitei, agradeci a viagem e retorqui: Aquele pontinho reluzente que vês lá em baixo tem, para mim, a grandeza do mundo, vou voltar para lá.

Virgílio Moreira (VIDIMOR)

Vidimor
Enviado por Vidimor em 19/06/2020
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