A CANÇÃO DE MEDEIA

Chamei-a de louca e infortunei meus desejos;

Pude sentir-me amargo na fúria dos lobos;

Lambendo-me como porcos na sarjeta do vômito da terra;

Um semente plantada e brotando no caos;

E como um pássaro lilás voei sobre a escuridão;

Cantei o assobio das sereias do mar morto;

Eu era apenas o Jasão a perambular por entre paredes frias.

Chamei-a de santa para aflorar meus desejos;

E assim perceber que afogava-me num lago vermelho;

Brotando sangue das profundezas correntes;

Estando eu desnudo para o cinzento céu;

E perambulei nu pelas estradas de Tessália;

E tentei chegar em Corinto em festa molhada.

Ah! foi em Atenas que eu desfrutei meus desejos de sal;

E bebi da fonte da vida ao lado das cobras rastejantes;

Pássaros a voarem como carcarás rasantes;

Num voar sobre minha cabeça uma coroa de espinhos;

Todavia fiz o meu ninho para alimentar minha lida;

Recolhi-me à morte e morri fatigado na sina.

Sérgio Gaiafi
Enviado por Sérgio Gaiafi em 01/09/2019
Reeditado em 02/09/2019
Código do texto: T6735058
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