Rima Rebelde

Rima Rebelde

Gostaria que você imaginasse

O que aconteceria

Se a rima em greve entrasse.

O caos se instalaria

No reino da harmonia.

Como aproximar pela sonoridade do verso

A saudade da eternidade,

O coração da razão?

Como conciliar um abraço

Com um bagaço,

Por mais que isto pareça meio controverso?

Continuaríamos, desta forma

Contemplando os versos mundo afora?

Entre duas palavras que não mais se encaixaria

O mesmo som da última sílaba, como ficaria?

E a tal melodia?

A reverência do verso, da palavra final

Permaneceria, afinal

Como se fora uma devoção no templo,

Para um Deus supremo, por exemplo?

Haveria chance

Fora da percepção do ouvido

Em algum instante

De um eterno e fiel amor

Se aliar a um reles traidor?

Isto, certamente, eu duvido.

O verso sem a rima

Continuaria sendo obra-prima?

Ou pela manhã

Seria apenas obra-irmã?

E durante o dia

Se transformaria

Em obra-tia?

É algo para se pensar

E sobretudo, se evitar

Se a rima a greve aderir

Tudo mais vai sucumbir

Certamente, não conseguirei mais

Devagar ou depressa

Nas linhas dos poetas, dos mortais

Em nome da eufonia

Concluir uma banal poesia

Como essa.

© Leonardo do Eirado Silva Gonçalves

29 de maio de 2018

Leonardo do Eirado
Enviado por Leonardo do Eirado em 30/05/2018
Código do texto: T6350297
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