RETRATO DE DOMINGO
Pendura Deus as roupas no varal dos postes
E os santos tem auréolas de fumaça.
Já não tenho mais porta, mas me restam os dedos
Vejo casas tristonhas devorando arvoredos
Um soldado de pedra exibe os loiros da vitória
E o sol dorme no fundo das redes
No calmo espelho da lagoa
Há um monge refletindo
Mas as ondulações de um são as quimeras do outro
Caminhões tapam buracos com ar
No entanto, o vento, com suas mãos lascivas,
Levanta a saia das garotas
Na esquina um homem ergue paredes com uma flauta
Enquanto o outro as ergue com os olhos da polícia
O inverno deita um lençol de neve sobre os campos
Cabe o amor dentro de um casaco?