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Eu sou a chaga no ânus de Afrodite;
Eu sou a mão que joga pedra na cruz;
Eu sou a nuvem trazendo a tempestade,
Sente o fumo profético de Delfos, ó príncipe.
Eu sou o anjo mal enviado por Deus,
A lira furiosa em mãos de aço e sangue;
Eu sou a mancha na face dos heróis
E a flecha mortal no calcanhar de Aquiles;
Eu sou a estrela na mão dos operários,
Meu brado de fogo afugenta os fantasmas;
Eu sou o titã estremecendo os céus
E as tropas dionisíacas invadindo o Parnaso;
Eu sou o silêncio nos lábios do poeta morto
E a voz que fica presa em por túmulos alheios;
Eu sou o martelo que esmaga os ídolos,
Eu vim pra reviver as ninfas do Tietê;
A minha língua é ácido para os ouvidos
De quem só vê beleza nas telas do passado.