UM POEMA SURTADO
O poema é um ente anacrônico
ainda acredita em príncipes encantados
fadas madrinhas
varinhas de condão
e carruagens que viram abóboras
à meia-noite
seja horário de verão
ou não. . .
O poema é um romântico inverterado
- favor não confundir com invertebrado –
capaz de enviar doze dúzias de rosas à amada
e contratar quartetos de cordas
para fazer serenatas
ao som de Eleanor Rigby. . .
O poema faz despertar primaveras
e revoga chuvas de finais de semana
fazendo-as cair em São Paulo
preservando a praia ensolarada
com direito à arrastão
sol máximo e biquines mínimos
pelas areia de Ipanema e Copacabana. . .
O poema só não é mais um treco antigo
nem mais contém versos dodecassílabos
enfatiotando-se em trajes modernosos
exacerbadamente coloridos
nos pés sandálias havianas
e um leve sopro de perfume da natura
que os importados
com a alta do dólar
alcançaram preços extratosféricos. . .
O poema apesar de não ter sido escrito
em quatorze de julho
decidiu-se pela liberdade
- desprezando o estilo concreto
moderno barroco parnasiano dadaísta –
assumindo uma postura abusada
enrolado em uma canga de praia com franjas
e estampada com a bandeira brasileira
reivindicando à título de brincadeira
o seu mais que legítimo direito de dizer
um montão de baboseiras. . .
- por Hans Gustavo Gaus, heterônimo de JL Semeador de Poesias, em 03/11/2015, completamente surtado, depois da farra do feriado -