SEM CULPA, MEDO OU PECADO
A maçã mordida em silêncio
No portal da penumbra descuidada
Sem culpa, medo ou pecado
Tem gosto cortante de poesia
Textura de uva invejada
Sensação de queda no vazio
Nunca se parecerá um banal pesadelo
A fruta insubmissa que assim se degusta
Mesmo que saiba diferente à imaginação
Que devassou o vidro bisotado da vitrina
Em infantis piruetas de voo solo
Peso de nuvens de chuva às costas
Angústia corrosiva a escorrer do coração
Robô desmemoriado cumprindo sua sina.
Covarde, nego o que foi dito
O poema não sabe à nada
A maçã não tem nenhum gosto
Se tivesse: o de fruta estragada
O avião caiu em Madureira
Não há navio no mar morto
Peixe vivo fugiu na carreira
Apenas não-pensar e água açucarada. . .
- por JL Semeador de Poesias, em 28/02/2015 -