Jamais

...É como um pardal cantando,
E depois a noite caindo e chorando,
Dizendo não ter volta,
Mas o dia se revolta surgindo na aurora.

...É como a tristeza que reprime,
Que culpa e se redime,
Quando dá espaço a alegria,
Que irradia consome e devora.

...É a flor que nasce e renasce,
Mas não cansa de ser bela,
De se abrir na primavera
"Cor de seda".

...É a música mais bela,
É a voz do cantador,
Do "salmista" sem consolo,
Do eterno sofredor.

...Mas não é nunca,
Não é simples coisa vil,
Não é nada, é jamais,
Que soa a um ar triste, mas no amor é tudo mais.

...É o gesto do artista,
É a voz do meu Senhor,
É a pena que é levada pelo vento.
Vai para longe, vai sem dor.