O SABER DOS MANDARINS

A vida lá fora se esfarela

enquanto escrevo um poema

rastreando cores e imagens

reflexos de inspirações improváveis

na roupagem de folhas secas

de ruas sem árvores e tardes

o homem trucida os sonhos

o gato persegue o rato

uma mulher solfeja uma ária

os títeres se decompõem

Baudelaire morto de tédio

dança um tango barato

almas carentes de luz

enfeitam-se com notas de dólar

e vendem refrigerantes

em sinais de trânsito apagados

sempre à procura de um nome

um sopro a embalar a paixão

no peito sempre sujeito

a metáforas e tempestades

entre o tacape do bruto

e o saber dos mandarins. . .

- por JL Semeador de Poesias, poema antigo, recuperado e concluído em 24/06/2014 –