Insanas digressões de um espectador
Mulheres curdas surdas
em absurdas poses moribundas
no close televisivo via satélite
ao vivo transmitindo o morto que ainda verte sangue
e diverte a platéia atrasada que engole o breakfast ocidental...
Entrementes, em Bagdá o califa se oculta na caverna entre seus quarenta ladrões,
a espera de que nos céus voltem a voar apenas tapetes persas finamente tecidos pelo sangue das mãos de mães – sem filhos – iraquianas...
E as raquíticas crianças iraquianas trancadas em casa vêem através das frestas das janelas
o mais novo e realista filme hollywoodiano sobre a guerra
na sessão da tarde...
A cidade arde sob o fogo cruzado da cruzada terrorista antiterror!
E a pérola do Oriente enegrecida e liquefeita jorra em poços
com preços cotados na bolsa em Nova York...
E enquanto isso a francesinha estátua da liberdade ainda se ri, no meio da baía,
da ausência das gêmeas torres...
Alheio a tudo, no banheiro oval da casa branca o menino Bush se masturba diante do espelho e resolve que é hora de deixar crescer o bigodinho...