DIAS DE TREVAS
(Samuel da Mata)
Brutos e rudes, mas eram de fato irmãos
Na caçar mastodontes, no afugentar um leão
No cavar de uma gruta, no acumular provisão
No acender da fogueira e no cuidar do ancião
Almas cruas, intrépidas, mas de maldade vazias
Febre de ganância ou posse, por ali não existia
A árdua defesa da vida, em todo tempo os unia
A lua, os rios e os montes, da natureza a poesia
Hoje são eles cruéis predadores, frios e macabros
Répteis, mamíferos e peixes, todos jazem dominados
O céu, montanhas e mares, tudo está conquistado
Do macro ao nano intangível, tudo decodificado
Hoje se escondem nas rochas de concreto pré-moldado
Não mais das feras medonhas, grande terror do passado
São câmeras e armas automáticas, em um alerta acirrado
Os monstros não vêm da floresta, moram na casa ao lado