POEMA DOIDO DE PEDRA
O silêncio, mais do que as palavras,
define o meu contorno.
O som da música de Vivaldi,
que agora me envolve,
em mim se faz silêncio.
E se persisto em resistir
a essa saudade que me invade
é porque de mim preciso fugir.
Não, que seja fuga definitiva
apenas fuga pequenina,
provisória e passageira,
de quem, no domingo,
optou passear pelo lado de dentro.
Certamente, nem sempre a vida foi assim:
esse cheiro de desengano no ar;
o amor, essa eterna promessa,
evolando-se de mim;
esse dia de sol brilhante
cujos raios não me conseguiram encontrar;
esse sorriso, que se fez nublado,
mesmo sonoro e sem dente careado,
ainda impresso na parede,
em tinta de primeira qualidade,
da igreja aqui em frente de casa.
Às 19h00, pontualmente, um pinguim bateu-me à porta.
Pior, que nem sei o que dizer a tão improvável criatura. . .
- por José Luiz de Sousa Santos, o JL Semeador, poema perdido na rede e recuperado e revisitado na noite de domingo, de 05/05/2013 –