A INEXISTENTE VIZINHA DO LADO

Desperto com os pássaros

e com os passos

da inexistente vizinha do lado,

banho tomado,

de salto alto,

preparando o café.

Não lhe sei o nome.

Seu rosto jamais avistei.

Dela, o que sei

é o toc-toc ritmado,

o cheiro forte de café;

às vezes, barulho de liquidificador

e um perfume indecifrável,

que, sem bater à porta,

ou saltar minha janela,

invade-me o quarto

e a vida,

inundando a manhã fria

de encanto e poesia.

- por José Luiz de Sousa Santos, o JL Santos, na Lapa, em 10/09/2008, levemente alterado em 24/02/2013 -