QUATRO QUADROS DE MEU QUARTO

Há quadros em meu quarto.

Quatro, ao todo, e são circulares.

Em torno de suas superfícies há concreto.

Substrato de verbalização.

São quadros que exigem, sem voz, limpeza.

Mergulham no tempo, sem lhe serem tocantes.

Destaca-se o primeiro pela uniformidade de uma bela flauta,

ela se move em seus Cantos à liberdade. James Galway.

O segundo é um espaço total dentro de outro, menor.

Zero e infinito. Duas rodas que se fundem? Cândido!

Sejas eterno Portinari!

O terceiro é um céu nublado. Chove, não molha. Concreto.

Três mãos macias. Clarice, este é o tripé (ou a trimão)!

Humano. O Humano compõe o quarto quadro.

Ele é revestido de sonhos. resíduos. Misturas.

Mas ali, naquela vista, profano e santo se confundem.

O puramente humano é o infértil.

Quatro quadros. Soam em meu peito como brinquedos

que se montam...

Wilder F Santana
Enviado por Wilder F Santana em 30/06/2012
Código do texto: T3752919
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