QUATRO QUADROS DE MEU QUARTO
Há quadros em meu quarto.
Quatro, ao todo, e são circulares.
Em torno de suas superfícies há concreto.
Substrato de verbalização.
São quadros que exigem, sem voz, limpeza.
Mergulham no tempo, sem lhe serem tocantes.
Destaca-se o primeiro pela uniformidade de uma bela flauta,
ela se move em seus Cantos à liberdade. James Galway.
O segundo é um espaço total dentro de outro, menor.
Zero e infinito. Duas rodas que se fundem? Cândido!
Sejas eterno Portinari!
O terceiro é um céu nublado. Chove, não molha. Concreto.
Três mãos macias. Clarice, este é o tripé (ou a trimão)!
Humano. O Humano compõe o quarto quadro.
Ele é revestido de sonhos. resíduos. Misturas.
Mas ali, naquela vista, profano e santo se confundem.
O puramente humano é o infértil.
Quatro quadros. Soam em meu peito como brinquedos
que se montam...