Amor INdolor
Pensando eu oficiar-me legitimado dono
Maculei palavras proferidas em tua verdade
Atirei-me andarilho aos braços do abandono
Pelo aparente desatino vestindo sagacidade
Consoante às intempéries num olhar tão patrono
Fiz do presente lembrança, da lembrança saudade
Afortunado em má sorte fiz-me em vida outono
Nos prados escarlates fiz-me sepulcro à vaidade
Sucumbiu diante de mim levado pela corrente
O ardor derradeiro de um sentimento prestante
Aviltou-se meu semblante como constante torrente
De uma vida caudalosa num sentido arrebatante
Face ao pranto impregnado em minha alma fria
Em minha pele tosca jazem libidinosas sensações
Abordoada de um amor que em cativeiro fenecia
Pelos vindouros anos que me devota privações
Amor da minha vida, sentença da minha morte
Condenou-me impiedosa sem direito a defesa
Com o aço dos teus lábios proferiu vistoso corte
Inda hoje sangro. Saudades da minha tigresa!