" ,A DOIDA LINGUAGEM DOS POETAS "

O sapo coaxou com medo de virar príncipe,

a cigarra não queria ser fumada,

o avental não foi levado pelo vento,

a margarida não partiu para o mar,

o porta estandarte não atravessou portas,

só abriu caminho pela avenida,

a esperança continuou esperando algo mais.

Coralina ouviu o canto do jaó na missa,

Itabirito virou fotografia

na parede do Drummond,

existimos mas não pensamos,

ficamos mudos e encantados na passagem,

João Cabral estranhou cachorros sem penachos,

Bandeira contou que Maria Elvira

foi encontrada em decúbito dorsal,

para Pound as almas ficaram molhadas

das recentes lágrimas, o sol é exato

para Mayakowski, Pessoa mente e desmente

descaradamente, não há concretude,

apenas há porosidade, o amor é eterno

enquanto dure, disse o Vinícius,

a ferrugem das horas esvaiu-se

no singularmente salgado,

o lenço foi feito para o adeus

afirmou Neruda, quem faz um poema

abre uma janela e salva um afogado,

os espelhos ficam cegos como giram os girassóis

de olhos abertos para a claridade,

estribilho abre um postigo,

perde a razão, para ver a face da luz

e da morte, nos contou a Cecília

e tudo está no labirinto de Borges

que tanto me encanta!

permiano colodi
Enviado por permiano colodi em 16/05/2011
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