" ,A DOIDA LINGUAGEM DOS POETAS "
O sapo coaxou com medo de virar príncipe,
a cigarra não queria ser fumada,
o avental não foi levado pelo vento,
a margarida não partiu para o mar,
o porta estandarte não atravessou portas,
só abriu caminho pela avenida,
a esperança continuou esperando algo mais.
Coralina ouviu o canto do jaó na missa,
Itabirito virou fotografia
na parede do Drummond,
existimos mas não pensamos,
ficamos mudos e encantados na passagem,
João Cabral estranhou cachorros sem penachos,
Bandeira contou que Maria Elvira
foi encontrada em decúbito dorsal,
para Pound as almas ficaram molhadas
das recentes lágrimas, o sol é exato
para Mayakowski, Pessoa mente e desmente
descaradamente, não há concretude,
apenas há porosidade, o amor é eterno
enquanto dure, disse o Vinícius,
a ferrugem das horas esvaiu-se
no singularmente salgado,
o lenço foi feito para o adeus
afirmou Neruda, quem faz um poema
abre uma janela e salva um afogado,
os espelhos ficam cegos como giram os girassóis
de olhos abertos para a claridade,
estribilho abre um postigo,
perde a razão, para ver a face da luz
e da morte, nos contou a Cecília
e tudo está no labirinto de Borges
que tanto me encanta!