É estranho o ser humano
É estranho o ser humano
Vive a vida que lhe dão
Enquanto outra debaixo do pano
Nos seus sonhos vai entrando...
E nessa outra que não existe
Ele é mais do que sendo
Nessa em que vai vivendo,
Que, sem forças, ainda insiste...
Se apegando a novos sonhos
Cujas cores o tempo acinzenta
E nossos olhos ficam tristonhos
E nossa alma não mais agüenta
Os sonhos são coisas complicadas
Às vezes temos tudo á mão
Basta acordar para não termos nada
A vida é uma,
A vida é outra
A gente é os sonhos que a gente tem
Devemos correr atrás dos sonhos
Se não vamos
Eles perdem a cor
E nós deixamos de ser
E nos transformamos em outro
Noutro que trilhou por onde um só sonhou...
Mas entre dormir e acordar,
Num espaço em que não há...
Deixando de ser é que ele é,
Mas outro, estranho, alheio até...
É estranho o ser humano
Vive a vida que lhe dão
Enquanto outra debaixo do pano
Nos seus sonhos vai entrando...