O GOSTO DO SILÊNCIO

O gosto do silêncio,

poucos o sabem,

a não ser aqueles

que, muitas vezes,

ano-após-ano,

tiveram de secar

as próprias lágrimas,

calar seus gritos

e engolir a fria taça de fel

do desengano,

como se fosse

o ato mais agradável.

O gosto do silêncio

tem sabor de morte,

de calor em tempo de estio,

de espinha de peixe

entalada na garganta,

de cachaça barata

que mais arde

que embriaga,

de noite passada

rolando na cama

sem que se haja dormido.

O gosto do silêncio

é de veneno insidioso,

de praia com frio

e chuva,

de bacanal sem uva,

de sino mudo

que não retine,

de zoológico sem macaco,

de namoro sem cio,

de cortar a própria carne

e ter de provar um naco.

- por JL Semeador, em 04/04/2011 -

jlsantos
Enviado por jlsantos em 04/04/2011
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