PASSEANDO POR MADAGASCAR ou A TRESLOUCADA DA PONTE DE CASCADURA

Nunca mais comi mortadela.

Seja pura, ao natural,

ou sob a forma de sanduíche,

desde que voltei de Madagascar,

onde conheci uma criatura

com cara de meia tijela,

que, sem qualquer cerimônia, me disse:

Nunca mais me deixe!

Pois, se o fizeres, serei capaz de me matar,

me atirando da Ponte de Cascadura

enfiada dentro de um barril,

só para descobrir como se revela

o segredo bem guardado

na pedra roxa do teu anel:

O objeto de poder mais cobiçado.

Revestido do mais puro espanto,

calcei meu tênis all star

e fiquei a andar pelo quarto,

ora num pé, ora no outro,

imerso em nuvens cinzas, a divagar. . .

E, na divagação, me indagava:

- Seria da cor de ouro

o vestido que ela usava?

- Quantos anéis escondidos,

haverá, ainda, em Saturno?

Será que trânsito estará difícil,

na tarde de hoje, na Avenida Brasil?

Tantas e tantas perguntas

flutuando no ar, à esmo,

a exigirem urgentes respostas.

Porém, uma dúvida maior perdura:

Será que ela se joga, mesmo,

da Ponte de Cascadura? . . .

- por JL Semeador, em 30/01/2011 -

jlsantos
Enviado por jlsantos em 31/01/2011
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