Carinho inventado
.................................... a ti
Um poeta escreveu:
A Vida só é possível reinventada.
Mas eu já sabia
Porque vivi muitas eras
E sempre quis realizar um simples sonho,
Mas nunca encontrei nada...
Faltou matéria eteria,
Coisas que não dependiam de mim
Mas de semelhante meu
Que desejei com fogo encontrar
E observei dentro de pedras
E de outros seres
Com quem fui convivendo,
Mas que sempre
Se esgotavam
E eu tinha que por os pés
Na poeira de uma
E sempre era uma diferente
Uma erma estrada
Até me deparar com
Meus irmãos
E com uma vontade
Que me fizesse parar
E conhecer a mim mesmo
Me relacionando
Com estranhos
A margem de minha agrura Caminhada...
E vendo olhos
Sempre profundos
Os olhos de quem olha
Dão aquele visto
Profundezas nunca demarcadas
E a gente se encanta
Com os sujos
E os encantantes
E nos enganamos sempre
A crer que terminou
Nossa absorta Jornada...
Eu já vivi muitas eras
E acreditei muito em configurações
Que minha alma pintava
E convenci de que existia
A muitos com quem dividi
Um intervalo de atenção
De que aquilo com que sonhava
Era bom também para cada um
Cada ser que me deliberava
Um necessitado gesto
Ou matéria carinhosa
De que em mim se ausentava
E fui assim conhecendo
Muitos seres
Que eu amava
Amava profundamente
Porque há em mim
Uma rara necessidade
De despojar-me
De certos atos
Olhares e gestos
Que explodem de carinho
Que sozinho deles
Eu não pudera nem posso
Me livrar...
E nisso eu a vida reiventava
E vivia certos sonhos brownianos
Que sem maquinar
Para não se dilacerar mais
Minha alma sempre acreditava
Naquilo que
Nasceu do cerne de solidões
Jamais esperadas
Mas encaradas e aceitas
Como singelas parceiras
Que iam se empendurando
Em meu pensamento
Ao bater de cada passo
Na imaterial Estrada...
Estrada onde nasci,
E que sempre me aguarda
Quando a coragem
De admitir que não há nada
Em minha vida compenetrada,
E que tudo que existiu
Foi porque quis crer
Porque é muito difícil e doído
Ter a certeza
De que a nós não haverá mudança,
E que estaremos sempre indo,
Chegando apenas
Nas pessoas
Que nos lembra o que temos
Dentro de um vazio,
Vazio que nunca será preenchido
Mesmo que levemos
Uma vida enganada...
Há limites para tudo,
E morrer com a navalhas da realidade
Encravada e dançando em nossos
Órgãos e músculos,
É por demais dolorido,
E caímos então
Acreditando naquilo que sabemos
Ser uma nossa invenção,
Esquecendo disso
Úmidos de infinita Solidão...
A vida só é possível recriada,
Mas para isso temos
Que esquecer que estamos
Sempre a reiventá-la,
Senão nada será possível
E tudo será sempre uma extensão
De nossos nadas...
Meu bem meus olhos
Já foram muito usados
E meu sentir é por demais profundo,
Se me enganam
É porque permitir ser enganado
Eu quis crer em ti
E acreditei e vivi um momento de emoção
Que não pode ser mensurado,
Há muito tempo não sentia
O que você me propôs
Sem pensar em mim de verdade
Porque
Hoje sei
Seu amor e seu coração
Estavam e está cativados...
Mas eu quis crer
Naquilo que você rotulou
De sonho bobo
Porque fui,
Como disseste
Um besta
Acreditando naquilo
Uma pintura diáfana
Que meu silencio profundo
Abafando velhos gritos
Que há em mim
Como eternos presos
Que não podem ser silenciados,
Todavia eu estava
De um sentimento puro
E sem macula alguma
Muito precisado...
E sabia, porem quis esquecer,
Que eu inventara tudo,
Pois de tufões eu saía,
De fogos invernais
Que eu, por motivo nobre,
Permitir que a mim
Por eles fosse queimado...
E eu te perguntei sobre tua certeza
Crendo em ti como jamais
Em alguém eu havia acreditado...
E nos juramos no meio da noite,
Eu vivendo um sonho muito antigo,
E você tentando fugir
De sentimentos que eu desconhecia,
Presa estava,
E seu coração dominava suas decisões
Mentais, que depois se deixaram,
Todas elas se vencer
Por razões muito nobres,
Um amor, outro, outro ser,
Por quem você sofre em silencio
Adulando aquilo que há
Desde você muito jovem,
Por motivos complexos,
A ele tem se entregado,
Se dedicado,
Enganado a muitos,
O que te fez crer que eu,
Esse nenzinho
Que você acha que pode
Mesmo sabendo que meu sentir
É forte, é profundo,
Entendedor e explicativo,
Pudesse ainda outra vez
Se deixar levar por gestos
Inventados,
Porque o que sai do coração se derrama,
E não vai a boca
De quem aprendeu, tu, a viver
A vida na obscuridade,
E se enganou tanto a ti mesmo
Te enrolando em teias fracas
De ingênuas mentiras faladas,
Pensadas,
Que em relação a mim não existem mais,
Pois as claras andamos agora,
O mundo sabendo,
Meu pseudo encanto que iluminava teu olhar
Não pode, nem deve existir mais,
Pois tudo foi revelado...
E eu te li profundamente,
E sofro quando teu ser está isolado
Nostálgico e melancólico,
Muito castigado por ausência de quem
Com ele você dos 13 aos 22 se tem delirado...
E eu me pergunto nessas horas
Como devo agir ao teu lado,
Lembro que maquinou que poderia
Viver comigo as claras
E as escuras com teu amado...
E eu tenho muito pensado,
Porque não fingir não saber
E viver como um fraterno
Te apoiando,
Deixando você ir lá e voltar
Como se sua rotina não tivesse mudado...
Por que você saiu de casa
E quis viver comigo,
Querendo ir para uma cidade bem longe,
Como você deixou ser capitado
Por tua fala inconfessa,
Sei sim que isso era uma forma
De se sair
Daquele que você tem procurado
Para se sentir segura
E para isso tem me vilipendiado,
Me destratado como ninguém,
Profunda e abismalmente
Me desprezado,
E dizendo que assim me defendia a honra,
Adjetivo que você não conhece,
E sentindo em si completamente
As coisas do outro,
E assim dizendo que eu era amado...
Eu entendi tudo,
Você sofre,
E eu capto seu sofrimento em meu coração
E sofro por não poder
Com meu carinho de fazer rir
E sonhar, e vencer
As agruras que a vida te tem dado...
Eu não te relego segurança,
E penso como posso resolver
Essa situação
Sem te deixar,
Pois você tem muito medo
E eu entendo isso também
De não ter ninguém
Do seu lado
Para acreditar em ti,
No entanto eu te digo
Que não deves temer,
Pois eu não vou te julgar
E estou já decidido a sofrer
Toda a minha vida,
Te apoiando naquilo que
Você mais quer
Por que eu sei o que
É viver sem receber
Carinhos do ser amado...
Você tem sorte
Encontrou aquele a quem
Você gosta de entregar seu amor...
E eu não posso te tolher
Mas porque amo
Vou sempre deixar que você
Se engane
Achando que tem me enganado,
E farei papel de besta
Até que você se encontre
E tenha coragem
De viver a vida com a liberdade
Que em ti apenas em átimos
Tem a ti mesmo se libertada,
Naqueles momentos
Em que ao amor e com amor
Se tem entregado...