Meu Castelo
Existe uma dor inteligível
que de vez em quando aflora.
E disciplinada, arremesso-a
aos sótãos de minh’alma.
Bem lá no fundo,
permanece calada.
Vez ou outra emerge,
geralmente à noite, na cama.
Meus olhos, no teto vazio, divagam
nos picumãs do tempo.
Já não me lembro mais das origens
deste preito antigo.
De noite, na cama, desnudo-me
das máscaras todas;
revejo e apalpo dor por dor,
e são tantas...
Submersas nos esconderijos,
assomam como fantasmas,
lentamente...
Açoitando-me,
remetem-me ao passado,
perpassando interrogações
suspensas no ar.
São feitos, desfeitos, rostos,
palavras que não podem mais
ser retiradas, ou colocadas.
Meus fantasmas costumeiros!!!
Até que, como sempre,
novamente,
Submeto-os aos cárceres
deste “Castelo Mal-assombrado”.