Meu Castelo

Existe uma dor inteligível

que de vez em quando aflora.

E disciplinada, arremesso-a

aos sótãos de minh’alma.

Bem lá no fundo,

permanece calada.

Vez ou outra emerge,

geralmente à noite, na cama.

Meus olhos, no teto vazio, divagam

nos picumãs do tempo.

Já não me lembro mais das origens

deste preito antigo.

De noite, na cama, desnudo-me

das máscaras todas;

revejo e apalpo dor por dor,

e são tantas...

Submersas nos esconderijos,

assomam como fantasmas,

lentamente...

Açoitando-me,

remetem-me ao passado,

perpassando interrogações

suspensas no ar.

São feitos, desfeitos, rostos,

palavras que não podem mais

ser retiradas, ou colocadas.

Meus fantasmas costumeiros!!!

Até que, como sempre,

novamente,

Submeto-os aos cárceres

deste “Castelo Mal-assombrado”.

Maria Barreto
Enviado por Maria Barreto em 17/11/2010
Reeditado em 21/07/2011
Código do texto: T2621051