“DEZ ORDEM”

A desordem, organizo

Faço tudo de improviso

Em detalhes preparado

Já amei e fui mamado

Nesta, e na vida passada

Que comi, muito salgada

Tomei todas, e saideira

E banho de cachoeira

Quando menos se espera

A vida se foi, já era

Madrugada, sol a pino

Na esquina, meu destino

Dobrou, e o perdi de vista

E se você tiver a pista

Me responda com franqueza

Onde encontro a cereja

Que do bolo à mesa falta

A moça linda, e peralta

Afanou meu travesseiro

Afogou meu candeeiro

Na lagoa dum deserto

E pensei que estava perto

Mergulhei nas coxas dela

Pulando pela janela

Mirando na perereca

Mas afoito, de cueca

Não se vota em presidente

Acordei tão de repente

Atrasado pro trabalho

Onde está? Cadê, ca... nário

O controle da tevê

Que meu saci-pererê

Insiste em deixar ligada

Suja a tampa da privada

Com o horário eleitoral

Mal separa o bom do mau

Que enjoa marinheiro

Onde está? Eu vi primeiro

Desligue essa baixaria

Tem criança e minha tia

Fica verde quando escuta

Que algum filho da pluta

Promete barbaridade

Vai a Lei da Gravidade

Revogar, ao tomar posse

Bocejante, ainda tosse

Minha tia é caso sério

Acredita no mistério

Que ouviu de um duende

Me ensina o que aprende

Que aprendo a esquecer

Nem sei mais o que dizer

Estou ficando enjoado

Nada mais rima com ado

Inda vou criar juízo

E a desordem, organizo...

Lobo da Madrugada
Enviado por Lobo da Madrugada em 23/10/2010
Código do texto: T2574415
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