do insuportável se tira o véu,
gesto arrependido, recolhe-se a mão
que revela o medo à face,
suspeito, torna-se mesmo o céu,
espectro inócuo da fé, dos poderes invisíveis,
limbo da existência estéril,
sem respostas além de seu pálido azul,
já que a terra, aqui, sob os pés
abre-se, insistente, aos negros temores
e ao coração, suas lutas e seus tambores
que ressoam como fortaleza da mente.
fluidos de sonhos, que teimam em não se enterrarem,
em não se entregarem ao tum-tum-tum entorpecente,
lutam estáticos, encantados como que por serpentes,
fluidos que se perdem na dúvida, do real, do irreal, do sonho real,
nada sabem do que há após o céu, abaixo da terra,
apenas que entre ambos flutuam asas.
mas que asas? se não há anjos...
antes demônios equivocados que correm para o bem
ou que correm sem saber para onde correm,
sem saber se são mesmo demônios
ou talvez anjos ou talvez só fluidos que correm.
matéria amorfa, restos de esperança,
são sempre aquilo em que acreditam ser,
mesmo que a crença seja irreal.
e quando não crêem, então podem ser tudo a um só tempo
se a irrealidade não é ausência,
é antes a possibilidade de transmutação;
e agora as próprias asas, agora visíveis, agora correm,
agora correm com o vento atrás de si,
mais real e menos tangível que as próprias,
que pousam, mariposas lúbricas,
no desvio do tempo, naquele momento em que tememos ser,
cientes da morte, abandonados à vida,
fluindo derradeiros do ventre casto e fiel,
ao insuportável servindo de véu.
escrito on line com a Ana, numa tarde qualquer de tempos atrás, quando as asas eram visíveis.
gesto arrependido, recolhe-se a mão
que revela o medo à face,
suspeito, torna-se mesmo o céu,
espectro inócuo da fé, dos poderes invisíveis,
limbo da existência estéril,
sem respostas além de seu pálido azul,
já que a terra, aqui, sob os pés
abre-se, insistente, aos negros temores
e ao coração, suas lutas e seus tambores
que ressoam como fortaleza da mente.
fluidos de sonhos, que teimam em não se enterrarem,
em não se entregarem ao tum-tum-tum entorpecente,
lutam estáticos, encantados como que por serpentes,
fluidos que se perdem na dúvida, do real, do irreal, do sonho real,
nada sabem do que há após o céu, abaixo da terra,
apenas que entre ambos flutuam asas.
mas que asas? se não há anjos...
antes demônios equivocados que correm para o bem
ou que correm sem saber para onde correm,
sem saber se são mesmo demônios
ou talvez anjos ou talvez só fluidos que correm.
matéria amorfa, restos de esperança,
são sempre aquilo em que acreditam ser,
mesmo que a crença seja irreal.
e quando não crêem, então podem ser tudo a um só tempo
se a irrealidade não é ausência,
é antes a possibilidade de transmutação;
e agora as próprias asas, agora visíveis, agora correm,
agora correm com o vento atrás de si,
mais real e menos tangível que as próprias,
que pousam, mariposas lúbricas,
no desvio do tempo, naquele momento em que tememos ser,
cientes da morte, abandonados à vida,
fluindo derradeiros do ventre casto e fiel,
ao insuportável servindo de véu.
escrito on line com a Ana, numa tarde qualquer de tempos atrás, quando as asas eram visíveis.