Lírios

Nos campos cobertos de lírios

em passos eu traço uma lira;

da seda tecida num lírio,

eu faço as cordas da lira.

De cima o inseto pranteia,

à forma que dei ao seu canto,

que dele desfiz sua teia,

pra nele tocar o meu pranto.

E o vento que o campo transpira,

num sopro assim... inspirado

retira das cordas da lira

meu pranto já muito alquebrado.

E o inseto, num instante, se vinga,

do bardo que com a lira pranteia,

e tece, retece, respinga...

refaz novamente uma teia

Luiz Delfino

04082009