RAPADURA
Me recompondo agora,
depois de tantas horas
de poesias inteiras,
me descobri em parte
o tempo todo.
Nunca consegui ser mais.
Pelo menos fui assim,
meio isso, meio aquilo.
Ah! Como eu queria ser inteiro.
Odeio números primos.
Odeio números tios.
E sobrinhos.
E amo meias verdades
assim como amo inteiras.
Também aquelas de lã
ou algodão.
Escrever é assim pra mim.
Sem melaço, mas com amargo
de rapadura.
Sem conchavos, pouca graxa
e algum atrito.