RAPADURA

Me recompondo agora,

depois de tantas horas

de poesias inteiras,

me descobri em parte

o tempo todo.

Nunca consegui ser mais.

Pelo menos fui assim,

meio isso, meio aquilo.

Ah! Como eu queria ser inteiro.

Odeio números primos.

Odeio números tios.

E sobrinhos.

E amo meias verdades

assim como amo inteiras.

Também aquelas de lã

ou algodão.

Escrever é assim pra mim.

Sem melaço, mas com amargo

de rapadura.

Sem conchavos, pouca graxa

e algum atrito.

EDSON PAULUCCI
Enviado por EDSON PAULUCCI em 16/06/2009
Código do texto: T1652574
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