Flutuo no rumo do chão profundo
sinto perder o peso e comigo se vão
os rochedos
que eram contrafortes ora em vão
arrebatam-se ondas
e mais leve ainda vôo e vou
adentro do profundo ébano rumo ao breu
de teus negros olhos, de íris os arcos tesos
as orelhas e os abanos o cabelo umedecido
sobre a testa pouco vista, caídos
então afundo, de vez, no tapete
rosada está a branca colcha
de um sangue primal, primevo
de Eva em cio coitada primeiro
desempatada, desencantada
destravada a tramela da portinhola
afunda-se também o colchão
e rebentam-se em cores todas
as matizes, as frescas em frascos
antes frígidas as manhãs florais
quentes e úmidas agora já são
gritei
suando frio
fiz soar o sino do navio
a embacação partia
o coração partido,
alado
ia-se em bocados,
abocanhado por fera que dormitava agora
a um lado, deste lado destilado
de fio a pavio percorrido, abusado
na corrida das horas,
dos tempos findados,
fiquei tripulando só
estripulias à parte,
nó por nó
dei de mim por mim, asssim.
E não mais seria preciso
pois ia navegar e viver
no meu mais perfeito juízo,
doendo-me já os joelhos e o dente ciso
ardente fora o cataclisma de bem-me-quer
sem registro algum em catecismo qualquer.